Sobre livro:
Duca Lamberti foi médico em tempos. Expulso da ordem, vive de colaborações ocasionais com a polícia sempre que o acaso lhe bate à porta. E logo no início deste romance, o acaso surge sob a forma de uma provocante milanesa, casaco vermelho comprido a tapar mal as longas pernas em meias de renda preta. Vai casar-se em breve com um talhante de mau feitio, e quer ir como nova; pretende que o doutor lhe restitua a virgindade há muito perdida, uma cirurgia simples, uma himenoplastia. O doutor diz que sim. Toda ela, e a história que conta, traz consigo o inequívoco fedor a trafulhice. E o doutor, que passou três anos na prisão, reconhece o odor à légua.
Com a ajuda da polícia, investiga a milanesa do longo casaco vermelho. E ao puxar o fio à meada, começa a deslindar uma fiada de assassinatos, vários carros afogados nos canais imundos de Milão. Não há coincidências. Vai atrás das pistas, e as pistas são pessoas: a empregada de perfumaria, grávida, que quer fazer um desmancho; o dono do hotel de província que aluga à hora uns quartitos discretos; o talhante mafioso, o advogado milionário que nunca exerceu… Todos têm uma história para contar. Todos eles revelam as entranhas de uma cidade corrupta, apodrecida até à medula, a negra Milão dos anos 60, pintada cruamente pelo seu melhor retratista, Giorgio Scerbanenco.
Uma narrativa tensa, pontuada por diálogos de um cinismo delirante, entrecortada pela ocasional explosão de violência.
Sobre autor:
Filho de pai ucraniano e mãe italiana, nascido em Kiev em 1911 (à época parte do Império Russo), Giorgio Scerbanenco cedo emigrou com a família para Roma.
Aos 18 anos mudou-se para Milão, onde viveria até morrer.
Jornalista freelance, trabalhou em várias publicações italianas, sobretudo revistas femininas, tendo chegado mesmo a manter uma coluna muito popular de conselhos amorosos.
Começou a publicar romances inspirados nos clássicos de Edgar Wallace e S. S. Van Dine, usando um pseudónimo anglo-saxónico.
Apesar de ter ensaiado vários géneros narrativos, foi com os policiais negros que se tornou famoso, nomeadamente com o aclamado Quarteto de Milão, cujo início é Uma Vénus Privada.
De personalidade reservada, Scerbanenco notabilizou-se pelo retrato de pessoas fracas cruelmente vitimizadas pela sociedade, graças em parte, a durante anos ter respondido a cartas de leitoras das revistas femininas.
Imprensa:
«Irresistível.»
Wall Street Journal