Nº de Páginas: 368
Sobre a obra:
Este livro descreve as maneiras de pensar, agir e decidir de um magistrado que Portugal inteiro conhece como «superjuiz», pelo seu arrojo em desafiar os mais poderosos e por ter na mão os maiores e mais mediáticos processos da justiça portuguesa dos últimos anos.
Não será certamente um herói, mas um homem, falível, que é imperativo conhecer. Das sessões de acupunctura aos convívios em Mação, da forretice à bricolage, das ameaças que já sofreu à contemplação das estrelas: eis o juiz sem medo na intimidade.
Resultado de uma investigação exaustiva das autoras, ambas jornalistas, dezenas de conversas com amigos próximos, consulta de processos e entrevistas a elementos da classe jurídica críticos da sua actuação, aqui está o retrato do meticuloso juiz que tanto se esmera na elaboração dos seus despachos como pode ser visto no imaculado gabinete onde os redige de pano do pó na mão.
Além de José Sócrates e Ricardo Salgado, Carlos Alexandre já constituiu arguidos altos membros da elite política e económica do país, como os ex-ministros Armando Vara e Dias Loureiro, o antigo banqueiro Oliveira e Costa, o antigo administrador da PT Zeinal Bava, o ex-autarca Isaltino Morais e o então director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Jarmela Palos.
Operação Marquês, Furacão, Labirinto, Monte Branco; casos Portucale, BPN, Submarinos e Freeport – todos passaram pelas mãos do juiz mais admirado e ao mesmo tempo mais criticado de Portugal.
Assumidamente viciado em trabalho e intolerante à mais leve suspeita de abuso de poder, é ténue a linha que separa a sua determinação dos excessos que muitos lhe apontam.
O que pode ler neste livro
A infância, em Mação, a escola, os seus primeiros trabalhos (foi carteiro e servente de pedreiro), as dificuldades económicas da sua família.
A faculdade: a estadia na pensão da Dona Catarina, o estilo de vida reservado e dedicado aos estudos, o dinheiro sempre contado.
Início da vida profissional: o arranque numa repartição de finanças – onde conheceu a mulher, Florbela – e os primeiros tribunais.
O que mudou desde que chegou ao tribunal dos grandes casos: as horas que passa nas suas noites e fins-de-semana a ouvir escutas e estudar processos; a segurança pessoal que passou a ter; hábitos e manias; as ameaças de que já foi alvo (o assalto à casa, o cão envenenado, a mulher atropelada).
Os problemas de saúde e o internamento de urgência que teve no rescaldo do inquérito e ordem de detenção ao ex-primeiro-ministro José Sócrates.
O percurso profissional e as decisões que começaram a dar nas vistas.
A chegada ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC, vulgo Ticão).
Os principais casos explicados passo a passo, com todas as decisões de Carlos Alexandre, que envolveram vários membros da elite política e económica e que agitaram o país como nunca antes.
As guerras que ‘compra’ com o resto da classe.
As suspeitas de que ele próprio está sob escuta dos serviços secretos.
«Dentro da viatura, o silêncio. O momento é de tensão, embora apenas um dos ocupantes tenha noção do que está prestes a desenrolar-se [...] Param minutos depois no estacionamento frio e impessoal, passando despercebidos entre as centenas de outras viaturas que aí se encontram nesse dia cinzento. Os dois agentes não imaginam sequer que está em curso a mais inédita e melindrosa acção judicial realizada em Portugal na era democrática. Não sabem também que dentro de alguns minutos será dado o sinal verde para o arranque da mesma.
«No banco traseiro da viatura está sentado o mediático e polémico juiz de instrução Carlos Alexandre. O magistrado tem plena consciência do aparato (e choque) que a iminente operação vai desencadear no país. Das atenções que voltarão a estar concentradas sobre si, dos ataques de que vai ser alvo por parte de alguns, dos elogios de outros. Está acostumado.
«É assim há anos, desde que começou a ter em mãos alguns dos mais complexos processos de combate à grande criminalidade económica e financeira, pouco depois de ter assumido funções como juiz no Tribunal Central de Instrução Criminal, por onde passam os mais difíceis e intricados processos de âmbito nacional, muitos, se não a maioria, envolvendo altos quadros do Estado e outras figuras de peso do panorama político, empresarial e financeiro do país.»
Sobre autor:
Licenciada em Direito desde 1995, Inês David Bastos enveredou pelo jornalismo em 1998, depois de três anos dedicados à advocacia. Na Agência Lusa foi repórter parlamentar e jornalista de Política.
Em 2003, começou a trabalhar no jornal Diário de Notícias, onde integrou a equipa de Política, acompanhou a área de Justiça, coordenadou a secção de Media e também de Sociedade.
Após uma breve passagem pela LPM Comunicações, em 2009, em 2010 regressou ao jornalismo. No Diário Económico, foi coordenadora das áreas de Economia e Política e acompanhou as áreas de Política e Justiça.
Após o fecho do jornal, em 2016, tornou-se freelancer, publicando trabalhos em vários órgãos de comunicação.
Tem 45 anos e actualmente coordena um projecto de Economia na Agência Lusa.
Raquel Lito nasceu em Lisboa, em 1977. Concluiu a licenciatura em Comunicação Social no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade Técnica de Lisboa, em 1999. No ano seguinte, fez o curso de Aperfeiçoamento de Imprensa no Cenjor (Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas).
Entre 1996 e 2000 passou pelas redacções do Público, da Lusa, do Diário Económico e do Semanário. Nos cinco anos seguintes trabalhou no jornal 24horas, onde exerceu funções de subeditora.
Em 2005 integrou a equipa da Sábado como subeditora de Sociedade.
Mantém-se na revista até hoje.
É também autora do livro O Terceiro Sexo.
Imprensa:
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