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Opinião:
Em “O Assassino do Crucifixo”, acompanhamos desde cedo a investigação de um homicídio descoberto numa casa, onde a marca que aparece na vítima deixa o Detective Robert Hunter a reviver na primeira pessoa o seu maior pesadelo - o assassino do crucifixo, que deixa a sua marca em todas as suas vítimas, sendo esta um crucifixo marcado.
Com o seu regressar a tortura iniciasse e Robert assume a investigação, juntamente com o novo parceiro Carlos Garcia, uma vez que o seu grande amigo e parceiro fora vítima de um acidente num barco durante as suas férias. Robert acaba por ser a verdadeira presa, e até acaba por ter de tomar decisões para salvar as vítimas.
Chris Carter, formou-se em Psicologia fazendo posteriormente especialização em Comportamento Criminal, e exerceu durante anos psicologia criminal, sendo certo que todo este à vontade em criar um verdadeiro serial killer sem dó nem piedade, seja proveniente da sua experiência adquirida. Numa passagem este assassino trouxe-me à ideia o mesmo do livro Invisível de James Patterson. Perguntam vocês “E Porquê?”, porque ele aparece com numa cena com um boné de basebol, e tendo sido esse o assassino de 2014, começo a achar que os melhores assassinos gostam de basebol.
Todos os crimes foram criados, possivelmente, com base em alguma experiência do autor na sua profissão, contudo para mim estes apenas me trazem à ideia as mortes do génio que criou a saga – Saw – que continuam a ser as melhores entre as melhores, apenas possíveis por uma mente genial. Salientar ainda o conhecimento presente sobre medicina legal, pois Chris Carter cria-nos as salas de autópsia, tal como as técnicas usadas pelos médicos durante as autópsias.
O livro não é longo, ou melhor, digamos que se torna curto, porque se apresenta com muita acção desde a primeira até às últimas páginas, e com os seus curtos capítulos e escrita fluída, acabamos por nem damos por a velocidade de leitura.
Fiquei ansioso na primeira pagina em saber o que acontece com Carlos Garcia, no seguimento da chamada que Robert recebe da “voz robótica” e que o deixa imensamente perturbado (aqui Chris Carter, foi mestre e colou-me ao livro).
O autor brindou-nos com personagens tão bem conseguidas que durante a leitura pude criar imagens delas, tal como dos espaços de acção e dos pormenores mesmo dos crimes. Se tivesse jeito para o desenho, com certeza que poderia desenhar as “salas“ de morte, e enviar ao autor para confirmar se na cabeça dele seriam assim, e penso que não iria falhar.
Como personagens, Robert passou a ser o meu detective preferido e é a minha personagem do ano (YTD), é o típico detective americano, solteirão e solitário, sem cuidados pessoais e abandalhado, que tem aquele apartamento escuro e com pouco mobiliário, com persianas entreabertas para criar o ambiente sinistro e de suspense, bebe whisky em demasia para esquecer o passado e apagar da cabeça todos os seus demónios derivados do Assassino do Crucifixo. Entretanto, durante a investigação e conhece e acaba por se envolver com uma mulher – Isabella – que surge na sua vida e o faz querer o amanhã e respirar de novo, sendo ela uma personagem interessante em todos os sentidos, sem família e que se entrega a Robert de tal forma que sentimos o impacto que ela causa na sua vida.
Carlos, o bom marido que se junta a Robert, vindo transferido de outra função e unidade, acaba por ser contagiado por a ansiedade e obsessão de Robert nesta investigação e vê assim a sua vida conjugal a ser abalada e em perigo.
Ainda no livro, é abordado o mundo da corrupção policial, prostituição, drogas, gangs e seus territórios de LA, e é abordado o poder que estas têm dentro da justiça. Os nossos investigadores vêem-se obrigados a entrar neste submundo obscuro para seguir com a sua investigação e tentar identificar vítimas. Chris Carter, traz ao de cima o abuso excessivo e violento de mulheres e crianças, se bem que por uma breve passagem apenas, mas está lá.
Eu sinceramente num todo, adorei, tanto que dei 5 estrelas no Goodreaders. A forma com que vivi cada momento com Robert e Carlos, as poucas horas em que li o livro, a satisfação com que via o caso a desenvolver, a maneira com que imaginei o sofrimento ou pânico que as vitimas, os cheiros putrificados e nojentos, bem como as imagens de horror… faziam-me torcer o nariz e pensar “nasty shit”. Fizeram com que este fosse o melhor livro que li até à data em 2016. Se gostam de policiais com mortes sem censura, este é o vosso livro, e não venham dizer que só os nórdicos o sabem fazer porque são frios e tal, este autor pode ser colocado nesse leque para não usar essa desculpa, apesar de ser Brasileiro, viveu em LA\USA e há anos que faz de Londres\UK a sua casa, que são terras frias também.
Fico contente que a Topseller (Grupo 20|20) continue em grande e com grandes apostas, agora resta aguardar que sejam publicados os outros livros do autor com o top Robert Hunter.
Exemplos do que acabei de referir, e para mais, têm de ler o livro:
“Um cheiro insuportável a urina e a vómitos fê lo recuar um passo e tossir violentamente.”
“Dentro de casa, pairava um cheiro estranho no ar, uma mistura de madeira apodrecida com águas residuais.”
“Uma pessoa a morrer com a bactéria comedora de car¬ne transmite uma imagem bastante perturbadora e poderosa. Bolhas a rebentar e a libertar pus e muco, a vítima a sangrar dos olhos, do nariz, dos ouvidos, das gengivas… o cheiro pútrido, a morte certa e iminente.”
Nota: O autor é bastante acessível e simpático.