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Opinião:
Opinião:
Vejo-te é o primeiro livro da trilogia de Irene Cao. Apesar de ter vários livros deste género, que se me compreendem bem, conforme são lançadas novidades que todos querem, acabamos por comprar e colocar no monte dos “para ler mais tarde”, mas mesmo assim bem mais tarde… vocês compreendem!
Voltando ao livro, esta foi a minha estreia no género erótico, e devo confessar que apesar de o ter iniciado sem qualquer expectativas, não fiquei desapontado, mas também não fiquei radiante. Quero com isto dizer que o livro preencheu os requisitos necessários.
Temos Elena, uma jovem que se apresenta dedicada à sua carreira profissional, sempre preocupada com a perfeição no seu trabalho de restauro de obras de arte, muito caseira, de poucas borgas e afastada de relacionamentos. É claro que Elena, como seria de esperar, é rodeada por alguém que é o oposto a ela, a sua amiga Gaia que sai à noite, socializa, tem uma vida e relacionamentos que não são poucos.
A autora, criou umas jovens vulgares, dos dias de hoje. Ambas acabam por ter a sua graça no meio disto tudo, pelo chocar de feitios, personalidade, ideais… bem, no fundo pela essência de cada uma. Existem histórias pelo meio e saídas que nos são apresentadas no decorrer da acção, que tornam mais rica a história. Temos também uma presença constante de descrições mais ou menos pormenorizadas dos espaços envolventes, recorrendo monumentos e pontos conhecidos de Veneza, local onde decorre a acção.
Como seria de esperar pela imagem da capa é claro, o que sinceramente não deixa de parte a possibilidade de que o livro se tratasse de uma aventura entre duas amigas, que confesso que por vários momentos pensei “bem é agora que vai acontecer algo entre elas?”, mas não, temos também personagens masculinas onde apenas interessa referir Filippo e Leonardo.
Filippo mostra-se disponível e apaixonado por Elena, dá-lhe atenção e é um bom partido para ela, Elena tem consciência disso, mas por outro lado vê a sua cara-metade partir para Roma e Leonardo que avança a cada momento na conquista de Elena.
É em Leonardo, um chefe de cozinha misterioso, que cai toda a atenção de Elena. Irene Cao, criou um homem distante e frio, com a sua postura autoritária e meia arrogante, um homem que se assume sem compromissos e de várias mulheres, um Leonardo que não desvenda nem um momento da sua vida passada e que detém controlo absoluto sobre Elena depois de esta aceitar o desafio que ele lhe propôs. Esta devido à sua curiosidade que Leonardo lhe desperta, vai vivendo progressivamente em cada encontro um mundo de testes e mais testes, e assim vai os superando, sendo que em cada um destes encontros / testes não passam de novas experiências de puro sexo sob domínio de Leonardo. Conforme este lhe vai quebrando todas as regras e tabus, Elena desfrutar cada vez mais e fica louca na procura de novos prazeres. A relação entre ambos reside apenas nisto – sexo – quando visto do lado de Leonardo, mas para Elena não é bem assim... Contudo, resulta e vamos acompanhando os encontros e experiências fantasiosas das personagens num nível q.b. se bem que entram em detalhes.
Não é um livro empolgante, mas é curioso. Lê-se rapidamente, contudo devo referir duas coisas: tive uma fase em que me cansei um bocado de ser “sempre arroz, sempre arroz” e de a autora acabar por referir sempre a romã vermelha do fresco que Elena restaurava, parecia como se se tratasse de um processo no restauro que nunca mais avançava, e que nunca mais se concluía porque Elena não conseguia a cor desejada/perfeita para o tal fresco. Curiosamente Elena consegue o seu feito bem perto do final do livro. Coincidência ou não, eu acabei por fazer a ligação entre a conclusão da romã vermelha com a evolução dos encontros (satisfação e prazer) com Leonardo ao longo do livro, será apenas ideia minha? Talvez, não sei!
Outro ponto centra-se em Leonardo, é que a autora cria tanto mistério em sua volta, que acabamos por ficar a zero do seu passado, o que me deixa deveras curioso por continuar a acompanhar a trilogia, neste caso aguardando o 2º livro, que espero que desvende algo sobre este dominador. Que não sei porquê, mas acho que ele deve ter algo de mau escondido algures na sua vida passada.