Data de Edição: 2013
Nº de Páginas: 152
Editora: Editorial Planeta
Depois de A Casa das Auroras, o romance que marcou a estreia da autora na Planeta, uma vez mais, a voz literária de Cristina Carvalho arrasta-nos para um território humano que não se rende às conveniências, nem às evidências.
Uma voz sempre aberta ao inesperado e que nos surpreende a cada história para a qual nos convida a entrar.
Um enredo intrigante, que leva à descoberta de um passado insuspeitado e de uma época onde a liberdade sexual se começou a afirmar e as mulheres começaram a conquistar a sua independência na sociedade portuguesa.
Sobre a obra:
Um dia, quando ela, a minha sogra, se preparava para ir para a praia com o seu belo fato de banho preto com rosas verdes e saiote compreensivo e vestida por cima com um vestido próprio de ir para a praia, calçada com sandálias brancas de salto alto próprias para ir para a praia e um chapéu de pano cheio de flores coladas, também de pano, próprio para ir para a praia e uns grandes óculos escuros, perguntei-lhe:
«Gosta desse seu fato de banho? Gosta mesmo? Da saiazinha a tapar as pernas e o desenho do rabo?»
Ela parou entre portas, tirou os óculos escuros e olhou para mim com o ar mais triste deste mundo e, com a boca praticamente fechada, murmurou qualquer coisa parecida com isto: «Sabes o que é que eu gostava mesmo? Era de me enterrar completamente nua na areia e sentir a areia húmida nas pernas, que me chegasse até às coxas, até às ancas e que eu me deixasse enterrar tanto e tanto e tanto que pudesse desaparecer para nunca mais ser vista…»
Isto disse a minha sogra entre portas. E saiu.
Uma mulher e um achado assombroso que revela instantâneos de uma juventude enterrada na rotina dos dias. Um passado vivido ao longo dessa emblemática estrada que liga a dourada sociedade da Linha de Cascais à cidade de Lisboa. Onde começa a margem e termina o «dever ser» para uma jovem portuguesa, nas décadas de 50 a 70 do século passado? Pode uma dúzia de imagens de um passado rebelde abalar a calma de um presente sem cor? Uma vez mais, a voz literária de Cristina Carvalho arrasta-nos para um território humano que não se rende às conveniências, nem às evidências. Uma voz sempre aberta ao inesperado e que nos surpreende a cada história para a qual nos convida a entrar.
Sobre autor:
Cristina Carvalho nasceu em Lisboa a 10 de Novembro de 1949.
Durante a sua actividade profissional, contactou com milhares de pessoas e visitou inúmeros países, sendo a Escandinávia e o Oeste português as regiões que mais ama e que mais influência exercem sobre o seu imaginário e a sua personalidade enquanto transitório ser humano do sexo feminino, habitante do planeta Terra e, por acaso, escritora.
Não por acaso, nesta sua actividade a que não chama profissional, é já autora de onze livros, com o presente, e outros se seguirão.
Até à data, tem publicados: Até já não É Adeus (1989); Momentos Misericordiosos (1992); Ana de Londres (1996); Estranhos Casos de Amor (2003); O Gato de Uppsala (2009); Nocturno: o Romance de Chopin (2009) e Lusco-Fusco (2012) (os três últimos seleccionados para o Plano Nacional de Leitura); Tarde Fantástica (2011); A Casa das Auroras (2011); Rómulo de Carvalho/António Gedeão – Príncipe Perfeito (2012).
Imprensa:«Cristina Carvalho tem uma grande e rara qualidade, a sua escrita fogosa e cativante arrasta-nos com ela.»
Manuel da Silva Ramos
«A actual ficção portuguesa conta com nomes que têm merecido o reconhecimento da crítica internacional. Neste panorama de novos autores, a obra da escritora Cristina Carvalho […] tem-se destacado pela sua originalidade e escrita envolvente.»
Vítor Quelhas
«Cristina Carvalho tem um talento assimétrico para as vidas simples, que conta e reconta como quem desfia rosários onde o caruncho beijou cada mistério.»
Fátima Maldonado
«Que as histórias são muito mais do que narrativas, do que sons e imagens que nos ocupam a imaginação enquanto ouvimos e lemos o recitar colorido das palavras, intuíamo-lo há muito. Mas uma coisa é sabê-lo, outra senti-lo a vibrar em nós…ou a ronronar, se a escritora e o seu gato não levarem a mal.»
Luísa Mellid-Franco